PERFIL CLÍNICO E EPIDEMIOLÓGICO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES PORTADORES DE HANSENÍASE EM MATO GROSSO

Autores

  • Bianca Arruda e Souza
  • Geovana Carolina Campos Silva
  • Gustavo Barbosa Martins
  • Isabella Cristina Carvalho Corrêa
  • Hugo Dias Hoffmann Santos

Resumo

A hanseníase é uma doença infectocontagiosa crônica causada pelo Mycobacterium leprae e acomete a pele e os nervos periféricos, podendo causar deformidades e incapacidades físicas. É transmitida pelo contato direto com o doente contaminado pelas vias aéreas superiores, especialmente no ambiente domiciliar. Os pacientes menores de 15 anos são suscetíveis à infecção e representam um indicador de monitoramento de endemia, sugerindo intensa circulação da bactéria com transmissão ativa e recente da doença. Objetivo: Avaliar o perfil clínico e epidemiológico dos pacientes portadores de hanseníase entre 0 a 14 anos de idade entre os períodos de 2008 e 2022. Método: Estudo de delineamento ecológico com dados obtidos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN-DATASUS) referentes a casos novos de hanseníase no estado de Mato Grosso, notificados entre janeiro/2008 e dezembro/2022 entre indivíduos com idade entre 0 e 14 anos. Resultados: Foram analisados 2191 casos novos. Assim, houve predominância das idades entre 10 a 14 anos (66,13%), do sexo feminino (51,26%) e cor parda (60,51%). Da mesma forma, foram observados com maior frequência a classificação operacional multibacilar (63,26%), a forma clínica dimorfa (56,69%) e grau zero de incapacidades (81,80%). A ligeira maioria dos casos foi detectada pelo exame de contatos (35,96%) seguido pela demanda espontânea (32,57%). Do total de pacientes 62,49% realizou o esquema de tratamento PQT/MB/12 doses e 36,46%, o PQT/PB/6 doses e a maioria (83,02%) evoluiu com cura. Discussão: A predominância da doença em maiores idades reflete o longo período de incubação da doença. A diferença entre os sexos foi muito pequena e compatível com outros estudos semelhantes, assim como a maior frequência da cor parda. A classificação operacional multibacilar e a forma clínica dimorfa ocorreram com maior frequência e estão correlacionadas, já que representam um estágio da doença com alta carga bacilar implicando em maior capacidade de transmissão da doença e também representam a ocorrência de atraso diagnóstico. Apesar de a incapacidade grau zero ser a mais frequente, as incapacidade grau I e II ocorreram em 347 pacientes e sugere ocorrência significativa de atraso diagnóstico. Houve ligeira predominância de diagnóstico por exame de contato, porém as altas taxas de demanda espontânea implicam em falha na vigilância em saúde na detecção precoce dos casos. A maioria dos pacientes recebeu o tratamento adequado o que pode explicar as altas taxas de cura da doença. Considerações Finais: Portanto, o aumento dos casos associados com alta carga bacilar e o atraso do diagnóstico perpetuam a transmissão da doença e interferem na qualidade de vida da população matogrossense. Assim, é necessária a atuação das entidades de saúde para aprimorar suas estratégias.

Palavras-chave: Hanseníase; Crianças; Adolescentes; Epidemiologia.

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Publicado

16-08-2024

Como Citar

Souza, B. A. e, Silva, G. C. C., Martins, G. B., Corrêa, I. C. C., & Santos, H. D. H. (2024). PERFIL CLÍNICO E EPIDEMIOLÓGICO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES PORTADORES DE HANSENÍASE EM MATO GROSSO. Anais Da Mostra Científica Do Programa De Interação Comunitária Do Curso De Medicina, 6. Recuperado de https://www.periodicos.univag.com.br/index.php/picmed/article/view/2591